segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

sim, amamos falar dela.

mas abraçá-la sofregamente e beber de sua taça até o fim, deixando tudo e todos, destacando-se da humanidade, quem ousará?

Não amamos a liberdade; amamos falar dela

Odes.
Guerras.
Lutas.
Brigas.
Discordância.

Tudo isso em nome de uma utopia que desprezamos a cada passo que damos. Quando li a frase, me dei conta. Quão ignóbeis, falsos, cegos, mil vezes cegos!

Nunca seremos livres. Simplesmente porque nunca vamos o desejar realmente.

Sim, a superpopulação aviva nosso desejo de solidão, dominação sobre o outro, etc. No entanto, como seres vivos, somos amaldiçoados com a doença da necessidade do outro. E nossa maldição é o que nos salva. Através deles podemos construir novos mundos, atingir novas alturas.

Por outro lado, a liberdade traz em seu bojo, um travo de crueldade que aquele que realmente a amar deve estar pronto para abraçar. Você não poderá precisar de ninguém e nem poderá ser útil a ninguém. A mais plena liberdade é aquela em que não apenas você é livre, mas é o sujeito da libertação do próximo. Apesar de soar como discurso de cultos religiosos dominicais, é preciso perceber a crueldade de dadivar aqueles que não o querem/não estão prontos para isso.

Qual um animal de estimação quando o abandonamos, percebe-se uma revolta gritada no desapontamento dos olhos. Se você possuir ao menos um mL de sangue na veia, vai sofrer, vai se arrepender e pode voltar atrás. Mas se seu amor pela liberdade for maior, manterá a posição.

Segue-se uma tentativa de recuperar seus préstimos. Vencida a primeira fase, você é uma lâmina fria que fere sem piedade e internamente até faz troça da atenção que lhe é dispensada.

A liberdade toma conta de tudo, faz o egoísmo subir à cabeça, a necessidade do próprio eu é tanta que quanto mais você a sacia mais ela é voraz...

É sedutoramente linda. Mas é preciso saber lidar com esta dádiva para que não se destrua todo o resto.